Forno Medieval

Forno Medieval

O forno de Alcobertas foi descoberto nos anos cinquenta do passado século e as primeiras referências a este, de que existe registo, são-nos dadas pelo arqueólogo Afonso do Paço1:

“A cerca de 200m a E da povoação (…) encontrou-se quando se procedia à limpeza de terrenos para instalação de uma fábrica de cerâmica, a fornalha e lar de um velho forno da mesma especialidade (…), muito antigo porque o aluvião de barros que sobre ele estava depositada atingia mais de metro e meio de altura, e neles vicejava uma vela oliveira multi-centenária. Será necessário proceder a escavações à sua volta a fim de procurar qualquer elemento que nos permita atribuir-lhe uma data aproximada” Em época que não conseguimos precisar foi construída uma proteção em tijolo com má cobertura de telha tipo marselha.

Durante algum tempo o local ficou votado ao abandono e começou a ser usada para os mais diversos fins, guardar gado caprino, palheiro, etc., até que nos anos oitenta, o telhado e grande parte das paredes ruíram.

No início dos anos oitenta do séc. XX, o rancho folclórico dos Chãos, retirou todo o entulho da derrocada da construção e faz a limpeza do forno.

No ano de 1998 a Associação Cultural Jovem em parceria com os Serviços de Arqueologia da CMRM, realizaram um campo de trabalho internacional com o objetivo de limpar e fazer o levamento exaustivo deste forno e silos, entre os vários participantes encontravam-se duas arquitetas Wendy Diamond (Austrália) e Karin Fehr (Suíça) que fizeram um estudo que irá servir de base à atual cobertura.

A Junta de Freguesia empenhada em reanimar esta zona lançou mãos à obra e construiu o presente núcleo interpretativo deste sítio.

O Forno foi construído num maciço de grés do Jurássico superior denominado de Grés superiores com vegetais e dinossáurios2. O desnível que aqui encontramos foi criado para a instalação do forno e de possíveis áreas de serviço e de apoio, como depuração de barro, secagem de peças.

Para tal, procederam à escavação desta parte da encosta, criando-se uma plataforma e originando o talude hoje existente.

Depois foi escavado o espaço necessário para a implantação da estrutura do forno (fossa de alimentação, conduta, fornalha, câmara de cozedura).

A grelha apresenta diversas camadas de barro cozido que se destacam facilmente umas das outras e que serão resultantes do nivelamento da mesma. Os buracos de saída de calor para a câmara de cozedura são criados com a colocação de fragmentos ou de tijolos postos verticalmente, entre os arcos, e entre as paredes, a tardoz e da frente do forno. As paredes da câmara foram feitas de barro cru, encontradas contra as faces do buraco escavado para a instalação do forno, sendo visível na face externa das mesmas, as impressões deixadas pela areia no barro, tendo sido posteriormente cozidas, possuindo uma espessura média de 10cm. Formam um espaço subquadrangular com paredes ligeiramente concavas e de cantos pouco espessos e arredondados.

A conduta foi construída depois da estrutura do forno, encontrando-se encostada a esta, sem se observar uma ligação entre ambas, apresentando-se descentrada em relação ao eixo do mesmo.

A constante submersão do forno ao longo de vários invernos levou a que parte da parede da câmara, ainda existente em 1887, abatesse. Esta situação permitiu a observação parcial do aparelho construtivo do primeiro arco que forma a câmara/fornalha, composto por tijolos ou tijoleiras colocadas em cunha.

Na construção deste forno foram usadas quer na estrutura como a dividir as saídas de calor, fragmentos de telha de canudo, que de forma alguma podemos considerar como pedaços de Imbrex romana, afastando-se qualquer hipótese de se tratar de um exemplar desse período.

A própria câmara de cozedura é divergente das dos fornos romanos, por regra circulares, enquanto que este se apresenta com uma forma subquadragular com paredes ligeiramente concavas.

Pensamos que este poderá ter fortes possibilidades de ser medieval e eventualmente estar relacionado com um espaço de cariz comunitário conjugado com os próprios silos, em virtude da proximidade dos dois pontos.

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