Silos Medievais / Potes Mouros

A necessidade de se conseguir aumentar a longevidade dos géneros alimentares, com vista à criação e manutenção de reservas suficientes para uso em época de maior dificuldades ou escassez, levou ao aparecimento de diversos meios de conservação (salga, frio, fumeiro) e de armazenagem para uma utilização a médio- longo prazo, desde muito cedo. O domínio de tal prática irá permitir em grande medida, o alargamento dos territórios explorados pelo homem bem como garantir a sua sobrevivência em clima hostis, situações adversas e de carestia.

São conhecidos vários exemplos de pequenos silos ou covas em habitats pré ou proto-históricos onde se guardavam diversos tipos de produtos com principal destaque para os de origem vegetal (cereais, leguminosas, frutos).

Os silos que aqui podem ser observados encontram o seu paralelo mais próximo no período romano, mas em particular no islâmico, de que existem vários exemplares conhecidos.

Este conjunto de silo foram escavados num maciço de Grés localizado num local ermo. Foram utilizados para armazenar ou guardar cereais e ainda recipientes com outros tipos de produtos (azeite, carnes salgadas, vinho), devidamente empilhados.

Foram descobertos na segunda metade do séc. XX quando se procedia à extração do Grés, localmente designado por “Piçarro”, matéria-prima de excelência para a elaboração de argamassa de revestimento de casas e muros e enchimento de tabiques.

De momento estão assinalados 35 silos, dos quais 29 descobertos e 6 parcialmente entulhados.

A quem pertenciam os silos?

Não é possível saber quem seriam os proprietários e como estaria este espaço organizado sendo várias as hipóteses em estudo: pode ter funcionado como um importante celeiro de pão pertencente a uma importante Instituição como os Monges da Ordem de Cister (Alcobaça) ou Ordem de Avis (Alcanede). Ou ser um espaço de cariz comunitário, de usufruto de produtores particulares ou das comunidades localizadas na margem esquerda da ribeira de Alcobertas, uma vez que existe noticia de um outro conjunto de silos na margem oposta no lugar de Alqueidão.

Os Silos ou Potes Mouros de Alcobertas no final da sua visa útil não foram por e simplesmente abandonados à sua sorte, entulhando-se lentamente com detritos arrastados da superfície. Eles foram deixados completamente vazios e limpos, com a respetiva boca tapada e selada, alguns foram encontrados cheios de blocos de pedra (basalto, calcário, quartzo e quartzito) de média e grade dimensão no seu interior, mas igualmente tapados e protegidos.

Tal cuidado e preocupação pode sugerir que os mesmo foram deixados em suspenso e em posição de espera de modo a poderem ser usados de novo a qualquer momento. A sua localização num local ermo, a forma como estão construídos, permitindo facilmente a sua dissimulação na paisagem, associando-se o facto de estarem vazios, mas prontos a utilizar, podem sugerir que, eventualmente, nesta área poderia servir como local de recurso para manutenção de reservas secretas de modo a fazer face a períodos mais conturbados ou sonegar a entrega de alguns dos bens colhidos ou produzidos aos coletores de impostos e tributos cistercienses, da Ordem de Avis ou Régios.

Caracterizaras dos silos de Alcobertas

Primeiramente, procurou-se selecionar um conjunto representativo de silos de forma a possuir uma amostra deste património que fosse demonstrativa da sua variabilidade quer tipológica, como volumétrica e funcional.

Deste modo, identificamos cinco tipos distintos de silos:
- Garrafa;
- Globular;
- Globular de Fundo Aplanado;
- Gota;
- Corpo Alongado de Fundo Arredondado.

Bocas: variam entre 39cm e os 65cm
Profundidade: variam entre os 141cm e os 213,50cm
Diâmetro Máximo: oscila entre os 104cm e os 161cm
Capacidade: em 11 silos intactos, regista-se uma variação de capacidade entre os 2754,2 e os 801,9 litros
Fundos: redondo/ arredondado/ curvilíneo Aplanado/ plano

A diferença de tipologia dos fundos poderá dever-se a duas utilizações distintas. Os de fundo redondo estarão relacionados com a tradicional utilização, armazenando diversos tipos de cereais ou leguminosas secas, diretamente depositados no seu interior. Já os de fundo plano poderão ter sido utilizados para guardar contentores cerâmicos ou de outro tipo de material, empilhados uns obre os outros.

Em relação às tampas, do que é conhecido, foram utilizadas placas lajes de calcário irregulares, existem também conhecimento que uma tampa de forma circular em barro cozido.

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